O agrupamento musical Kissanguela e outros colectivos culturais que contribuíram para a libertação e a construção da Nação devem servir de inspiração para as novas e futuras gerações, realçou, sabado, em Luanda, a vice-presidente do MPLA, Mara Quiosa.
Esse reconhecimento foi manifestado durante uma cerimónia ao agrupamento musical Kissanguela, na tenda multiuso do Centro de Conferências de Belas (CCB), no âmbito do ciclo de homenagens aos cantores, compositores e instrumentistas da canção revolucionária, inseridas nos 50 anos de Independência Nacional, acto presenciado pela Vice-Presidente da República, Esperança da Costa.
Mara Quiosa referiu que a digitalização e as novas plataformas de comunicação oferecem outras oportunidades para divulgar a cultura nacional, mas que é fundamental garantir que essas ferramentas sejam utilizadas de forma estratégica para reforçar a identidade nacional.
O futuro do país, disse, depende, em grande parte, da capacidade de continuar a investir na cultura como um factor de coesão social e de desenvolvimento da identidade cultural.
A cultura, continuou, é a base sobre a qual se consegue construir a identidade e projectar a nação.
A vice-presidente recordou que o Presidente António Agostinho Neto, para além de ter sido um líder político, foi um poeta que compreendia, profundamente, o papel da cultura e utilizava a arte como uma ferramenta de combate ao colonialismo.
Nos momentos de unidade e mobilização, enfatizou, o “Poeta Maior” nutria uma afeição muito especial pelo Kissanguela, que o acompanhou em várias viagens presidenciais a países africanos como Cabo Verde e Guiné Conacri, desempenhando um papel importante na produção da identidade nacional e difusão dos ideais do MPLA.
Por todos estes feitos, Mara Quiosa manifestou os profundos agradecimentos e o reconhecimento do partido ao contributo “inestimável do agrupamento Kissanguela, um dos símbolos da resistência cultural e um instrumento de mobilização que soube, através da arte e da música, traduzir as aspirações do povo angolano e de toda uma luta em prol de Angola e dos angolanos.”
Impacto dos agrupamentos
A directora do Gabinete para a Cidadania e Sociedade Civil do MPLA, Anabela Dinis, explicou que o ciclo de homenagem aos heróis da canção revolucionária é um projecto político e cultural que visa homenagear os agrupamentos musicais, cantores, compositores e instrumentistas que fizeram história num período imediatamente anterior e posterior à Independência Nacional.
Na verdade, sublinhou, é inegável o importante papel desempenhado pelos cantores, compositores, agrupamentos musicais e instrumentistas que, com as canções de teor político, tiveram uma importante função mobilizadora no processo de luta pela libertação nacional. “Este ciclo de homenagens, que incluirão outros nomes de suma importância da história da canção política e dos agrupamentos musicais, será um tributo de valorização e memória para que as gerações mais jovens conheçam os grandes feitos dos então denominados cantores revolucionários, que marcaram importantes momentos na História do país”, ressaltou.
Influências externas
Na intervenção sobre a génese e simbolismo das medalhas e considerações sobre a importância histórica do agrupamento Kissanguela no contexto da Independência Nacional, a secretária do Departamento de Quadros do MPLA, Ângela Bragança, destacou a importância do agrupamento, porque, na época, ajudou a mobilizar a juventude. “Era necessário informar sobre o sentido da independência, sobre a importância de a preservar e de consolidar as conquistas ameaçadas pelos planos imperialistas traçados para o nosso país”, destacou.
Angola, recordou, estava no centro da confrontação das superpotências pelas zonas de influência no mundo e particularmente no continente africano. Deste modo, enfatizou, era importante que o país escolhesse os aliados a favor de uma independência de acção, apoiando sempre a autodeterminação dos povos ainda sob o jugo colonial.
Ministra Maria Bragança foi uma das antigas bailarinas
A ministra de Estado para o Sector Social, Maria do Rosário Bragança, uma das condecoradas, foi antiga bailarina do agrupamento Kissanguela. Em declarações ao Jornal de Angola, disse que foi a uma grande homenagem, enquanto artista. A ministra recordou vários momentos, entre os quais as viagens presidenciais com a delegação do primeiro Presidente Agostinho Neto, no país e no estrangeiro.
O mais importante, explicou, é o legado deixado pelo grupo para a conquista da Independência Nacional. “Sinto-me honrada e uma privilegiada por ter feito parte deste agrupamento”, realçou.
Cristiano Veloso, tecladista do Kissangela, disse ter várias memórias. Um dos momentos marcantes, lembrou, foi a deslocação à Guiné Conacri, integrando a delegação do Presidente Neto, em Março ou Abril de 1976. “Lembro-me que à madrugada fomos chamados dos quartos para ter uma confraternização privada com o Presidente Neto e foi muito emocionante, porque até troquei pela primeira vez impressões directas com o nosso Presidente, lembrou.
Para o cantor Calabeto, o momento simboliza toda uma vida dedicada à música e ao país, enquanto que para o instrumentista(sopro) Beto Pederneira, o momento vai ficar marcado para sempre. O Rei da Música Angolana, Elias dya Kimuezu, o fundador do Kissangela, com algumas limitações na mobilidade, manifestou a sua profunda gratidão pela homenagem.
A cerimónia visa enaltecer o significativo contributo do agrupamento Kissanguela para a luta de libertação e a conquista da Independência de Angola através do poder da sua música.
A gala contou com a presença de distintos membros do Secretariado do Bureau Político do MPLA e outras individualidades de destaque. O público presente teve a oportunidade de reviver os momentos marcantes da História angolana através da projecção de material televisivo sobre o impacto da música do Kissanguela. A noite de ontem foi abrilhantada por momentos musicais, com a Banda FM a interpretar canções revolucionárias e a Banda Movimento a acompanhar a interpretação de temas icónicos do agrupamento Kissanguela.
Esse evento reforça o compromisso do MPLA em preservar e reconhecer a memória daqueles que, através das suas diversas formas de expressão, contribuíram para a História e identidade de Angola.
Os homenageados
O momento de homenagem ao agrupamento Kissanguela e entrega das medalhas e diplomas de mérito pela vice-presidente do MPLA, Mara Quiosa, decorreu em palco.
Foram distinguidos Elias dya Kimuezo, Santocas, Calabeto, Manuel Claudino (a título póstumo), Fató, Belmiro Carlos, Eugénio Neto, Filipe Mukenga, Santos Júnior, Raúl Tolingas, Beto Pederneira, Cristiano Veloso, Maria do Rosário Teixeira Bragança, Eva Gonçalves Adão, Maria Teresa Pedro, Maria Fernanda da Silva, Constância Custódio, Maria Bento Pimentel, Faustino Manuelino, José Agostinho, El Belo, Tonito, Candinho, Artur Augusto Adriano, Juca, Mário Silva, Jorge Varela, Francisco António “Giza”, José Fernandes Coelho da Cruz, Adolfo Félix Neto e Hugo da Mota Veiga.