O Presidente da República anunciou, quinta-feira, em Luanda, que, depois da conquista do novo cessar-fogo na República Democrática do Congo (RDC), as próximas acções vão estar viradas ao alcance de um acordo de paz definitivo.
João Lourenço, que desempenha o papel de mediador deste processo, indicado pela União Africana, teceu estas declarações durante o momento com a imprensa, na sequência do encontro com o homólogo malgaxe.
"O que vamos fazer é trabalhar para evitar que haja retrocessos e que consigamos, então, negociar um acordo de paz que seja definitivo entre aqueles dois países irmãos e vizinhos", declarou o estadista angolano, para quem o objectivo é impedir que haja um terceiro cessar-fogo e o regresso das hostilidades entre as partes.
O novo cessar-fogo, conseguido pela mediação angolana, no dia 30 de Julho, vai entrar em vigor às 00h00 do dia 4 deste mês de Agosto. O referido acordo vai ser monitorado, de perto, pelo Mecanismo de Verificação, que será reforçado por especialistas a indicar pela RDC, Rwanda e Angola.
Conversa ao telefone com Paul Kagame
Depois da conversa mantida quinta-feira, ao telefone, com o Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, o Chefe de Estado angolano falou, ontem, pela mesma via, com o Presidente do Rwanda, Paul Kagame.
O mote da conversa foi o acordo de cessar-fogo obtido em Luanda, na sequência de conversações entre delegações ministeriais da RDC e do Rwanda, sob mediação de Angola.
Em relação ao conflito no Sudão, o estadista angolano salientou que a mais recente criação do Comité Presidencial Ad Hoc para o Sudão, na sequência de uma decisão tomada pelo Conselho de Paz e Segurança da União Africana, dá a esperança de que se conseguirá chegar ao diálogo entre as partes para a negociação de uma paz duradoura naquele país.
A par destes conflitos, João Lourenço, que discursava na sala do Conselho de Ministros, por altura das conversações entre as delegações dos dois países, referiu que Angola continua a acompanhar, com grande preocupação, o diferendo entre a Rússia e a Ucrânia, e o que opõe Israel à Palestina, assim como os acontecimentos dos últimos dias contra Beirute e Teerão, que disse não abonarem em nada a favor da paz no Médio Oriente.
Face a este quadro, o Chefe de Estado voltou a defender a necessidade de a comunidade internacional, ao nível adequado, revigorar o seu papel, no sentido de ajudar a construir uma solução urgente e definitiva para os mesmos, uma vez que, qualquer um deles, poderá degenerar num conflito de intensidade, consequências e proporções globais.
"É possível evitar-se um tal desfecho, enveredando-se pela implementação das pertinentes resoluções das Nações Unidas, sobre a criação do Estado da Palestina e pelo diálogo na base das normas que regem as relações internacionais", destacou o Presidente angolano.
César Esteves
Jornalista