O Presidente da República, João Lourenço, anunciou, quinta-feira, em Luanda, que o país terá este ano a primeira área de conservação marinha, localizada na costa da província do Namibe, tendo destacado, também, a criação da primeira reserva da biosfera, que se estenderá do Parque Nacional da Quissama até ao mar.
João Lourenço, que discursava na abertura da Conferência Internacional sobre Biodiversidade e Áreas de Conservação, que decorre até hoje na cidade capital do país, sublinhou que, nos últimos anos, Angola tem investido bastante na protecção dos seus recursos naturais, com vista à implementação da Iniciativa do Ecoturismo, que pretende transformar as áreas de conservação em motores de desenvolvimento sustentável que venham a beneficiar as comunidades locais e promover a investigação científica.
Ao dirigir-se a vários convidados ao evento, realizado no âmbito das comemorações dos 50 anos da Independência Nacional, João Lourenço referiu que o Governo tem dedicado esforços para a melhoria da conservação e protecção da biodiversidade.
O Ministério do Ambiente, acrescentou, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e financiamento do Fundo Global para o Ambiente, iniciou, em 2016, a implementação do Projecto de Expansão e Fortalecimento do Sistema de Áreas Protegidas em Angola.
Este último, segundo o Chefe de Estado, que esteve acompanhado pela Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, tem como objectivo melhorar a gestão do sistema de áreas protegidas do país.
“Muitos esforços têm sido feitos para proteger zonas importantes de refúgios de algumas espécies raras, endémicas ou ameaçadas, como é o caso da Floresta da Damba, no Uíge, que alberga uma população importante de pacaças, e a Floresta do Mungo, no Huambo, que recebe milhões de Falcões-Pé-Vermelho, aves que deixam as terras europeias e asiáticas para ficarem temporariamente em Angola”, sublinhou, reforçando que no país foi iniciado um vasto processo de repovoamento animal, tal como é o caso das girafas reintroduzidas nos parques nacionais da Quissama e do Iona.
Entre outros esforços implementados, apontou que estão ligados a actividades como o fortalecimento das áreas de conservação e criação de novas, a melhoria da gestão de infra-estruturas dos parques nacionais e reservas naturais, o levantamento da fauna nos parques nacionais, a construção de postos de fiscalização, assim como a capacitação e aumento dos fiscais.
Entre outras acções, disse ainda que foi reforçada a legislação ambiental, com o Decreto Presidencial sobre o Uso Sustentável das Áreas de Conservação, que garante um equilíbrio entre desenvolvimento económico e preservação ambiental.
Destacada vasta riqueza natural
Segundo o Presidente da República, acredita-se que a biodiversidade angolana seja uma das mais importantes de África e do mundo, e que dados da União Interministerial para a Conservação da Natureza indicam a existência em Angola de cerca de cinco mil espécies de plantas, mil e duzentas das quais são endémicas, o que torna Angola no segundo país africano mais rico em plantas endémicas.
“Angola vai se afirmando cada vez mais a nível mundial, pelo que as autoridades competentes têm estado a implementar políticas concretas relativamente à conservação, preservação e uso sustentável dos recursos biológicos que o país dispõe”, sublinhou.
João Lourenço realçou que o país abriga ecossistemas únicos e espécies emblemáticas na sua fauna e flora, com destaque para a Palanca Negra Gigante, um verdadeiro ícone nacional e a Welwitschia Mirabilis, uma planta que desafia o tempo com a sua resiliência no deserto do Namibe.
Atenção às rotas migratórias
João Lourenço fez ainda referência à localização geográfica de Angola, que lhe confere um papel estratégico nas rotas migratórias de espécies importantes, como os elefantes africanos e diversas aves aquáticas, que dependem das florestas, rios e zonas húmidas para sobreviverem.
“Somos um ponto de passagem, de refúgio e de renovação para muitas espécies que percorrem vastas distâncias entre continentes, sendo fundamental o asseguramento da continuidade dos ciclos ecológicos”, defendeu.
Sobre Angola ser uma das principais rotas de transição de espécies migratórias entre a África Austral e a África do Norte, o Presidente da República disse que existe a necessidade de as mesmas serem bem conhecidas, em função dos riscos da acção humana e das catástrofes naturais.
De acordo com Presidente República, com o apoio de organizações e associações ambientais, o Executivo dá passos rápidos rumo ao desenvolvimento da área, estando o país empenhado na plantação de mangais para a protecção das zonas húmidas.
Desafios e apelos aos países
João Lourenço pediu a todos os presentes a unirem esforços para garantir que as decisões tomadas no evento possam ser concretizadas através de políticas eficazes, programas inovadores e compromissos que assegurem um futuro mais sustentável para as gerações vindouras.
Iniciativa aguarda pela aprovação da Assembleia Nacional
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