O Presidente da República, João Lourenço, manteve, ao princípio da tarde de segunda-feira, no Palácio da Cidade Alta, uma reunião com os integrantes da Comissão Interministerial de Combate à Cólera, coordenada pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, para transmitir orientações precisas a fim de conter a doença no país.
As orientações visam travar, o quanto antes, o risco de expansão da doença para outras regiões, mobilizando-se, deste modo, os recursos apropriados e na dimensão que a situação exigir, sejam eles de que natureza forem (financeiros, humanos, em equipamentos, etc).
A reunião, orientada pelo Presidente da República, teve como finalidade fazer o ponto da situação no terreno, avaliar o modus operandi na contenção do surto (que tem casos registados nas províncias de Luanda, Bengo e Icolo e Bengo) e encontrar formas rápidas de actuação, ultrapassando eventuais constrangimentos.
Ministra quer maior colaboração da população
A ministra da Saúde considerou, ontem, no município de Cacuaco, imprescindível a colaboração da população para o combate à cólera, que já vitimou 19 pessoas dos mais de 220 casos diagnosticados em Luanda, Bengo e Icolo e Bengo.
Durante uma jornada de trabalho da Comissão Multissectorial de Contingência e Combate à Cólera, nos bairros Paraíso e Belo Monte, considerados os epicentros da doença, Sílvia Lutucuta solicitou a responsabilidade social e colectiva para a observância das medidas preventivas.
“Estamos aqui hoje para trabalhar numa abordagem mais comunitária, para elucidar a população sobre a doença e as formas de transmissão e prevenção”, disse.
A governante destacou a necessidade de melhorar o saneamento e distribuição de água, sobretudo nos bairros mais afectados, para a observância eficiente das medidas de higiene.
A equipa multissectorial, encabeçada pela ministra da Saúde, percorreu várias artérias do município de Cacuaco a pé, interagindo com a população. No final do trabalho de campo, Sílvia Lutucuta orientou a necessidade de se instalar, nos dois bairros, pontos de reidratação oral, para assistência aos pacientes tão logo surjam os primeiros sintomas da doença.
Estes serviços de reidratação oral, garantiu, vão contar com a presença de equipas do Instituto Nacional de Emergências Médicas (INEMA), que recebeu, ontem, quatro novas ambulâncias, para garantir a transferência imediata dos casos mais complexos ao centro de tratamento.
A responsável garantiu a conclusão da instalação de tendas nos Bairros Paraíso e Belo Monte, para acudir os casos da doença. “Vamos tratar precocemente a patologia, tão logo sejam identificados vómitos, diarreia aquosa com a coloração de água de arroz”, observou.
Para a reidratação das pessoas afectadas a nível das residências, Sílvia Lutucuta orientou os munícipes à ingestão de bastante água e na água fervida para beber devem absorver em cada litro duas colheres de sopa de açúcar e uma colher de chá de sal.
Desafios
A chegada tardia dos pacientes com sinais evidentes de cólera nos centros de tratamento, preparados nos hospitais municipal de Cacuaco e “Heróis de Kifangondo” consta das preocupações da governante. Por este motivo, Sílvia Lutucuta disse que estão a ser desenvolvidas estratégias de base comunitária para inverter o quadro actual.
No momento em que decorria a jornada de campo da equipa multissectorial, uma empresa procedeu à entrega de uma tenda com capacidade para 100 camas para o internamento dos pacientes no bairro Paraíso, no quadro da sua responsabilidade social.
“As equipas médicas e outro pessoal mobilizado vão realizar os trabalhos de forma ininterrupta, para evitar que as populações percorram longas distâncias à procura de tratamento nas unidades de saúde, nos casos graves e moderados, de formas a evitar mais mortes pela doença”, garantiu a ministra.
“Vale referir que dos 220 casos registados, até domingo passado, mais de 100 foram assinalados no bairro Paraíso, que possui, também, o maior número de óbitos”, disse.
JA-online