• CHEFE DE ESTADO NA CERIMÓNIA FÚNEBRE Fernando da Piedade é figura de destaque do nacionalismo e da política nacional


    Os restos mortais do antigo Vice-Presidente da República e Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, repousaram para a eternidade, no Cemitério do Alto das Cruzes, desde 22 de Dezembro, em Luanda.

    Na cerimónia fúnebre, o Chefe de Estado, João Lourenço, acompanhado da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, depositara uma coroa de flores junto à urna e cumprimentara a família enlutada, à qual deixara palavras de conforto.

    No livro de condolências, o Presidente João Lourenço considerara Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó” uma figura de destaque do nacionalismo e da vida política nacional e realçara que o seu percurso fora marcado pela defesa, com zelo e competência, dos superiores interesses do povo angolano.

    O Presidente da República recordara os importantes cargos exercidos pelo malogrado ao serviço do Estado angolano, destacando as funções de ministro do Interior, Primeiro-Ministro, Vice-Presidente da República e Presidente da Assembleia Nacional.

    Ainda na mensagem de condolência deixada no livro, João Lourenço ressaltara o carisma, o elevado sentido de justiça e bom trato de Fernando da Piedade Dias dos Santos, qualidades que lhe granjearam o respeito e a consideração não apenas dos seus pares, mas também dos seus adversários políticos, com quem mantivera sempre um convívio cordial, respeitando as diferenças de opinião.

    Na cerimónia fúnebre, realizada no Salão Protocolar da Presidência da República, foram lidas mensagens de homenagem do Governo, da Assembleia Nacional, do partido MPLA e da família, que enalteceram a dimensão da figura de Fernando da Piedade Dias dos Santos, num ambiente de grande consternação.

    O ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Furtado, em representação do Executivo, descrevera o percurso político e institucional de Fernando da Piedade Dias dos Santos e afirmara que esse percurso se confundia com momentos decisivos da história contemporânea de Angola.

    Francisco Furtado destacara o papel determinante do malogrado nos processos de paz e na reconciliação nacional, como integrante da Comissão Conjunta Político-Militar (CCPM), no âmbito dos Acordos de Bicesse, e enquanto coordenador da Comissão Interministerial para os Acordos de Paz de Luena, tendo contribuído de forma decisiva para a estabilidade política e institucional do país.

    “O seu maior legado não se resumia aos cargos que ocupara, mas aos valores que defendera: lealdade à pátria, respeito pelas instituições, sentido de responsabilidade e compromisso com o bem comum”, referira Francisco Furtado.

    Em nome da Assembleia Nacional, o primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, Américo Cononoca, afirmara que Fernando da Piedade Dias dos Santos fora protagonista de uma trajectória parlamentar que se confundia com momentos decisivos da afirmação do Parlamento e da construção do Estado Democrático de Direito em Angola.

    O deputado sublinhara que, durante 12 anos à frente do Parlamento angolano, destacara-se pela sua liderança equilibrada, espírito de inclusão e capacidade de promover um diálogo construtivo entre as diferentes forças políticas.

    O MPLA, na sua mensagem de condolências, lida por Pedro Neto, coordenador da Comissão de Auditoria e Disciplina do partido, recordara que Fernando da Piedade Dias dos Santos iniciara a sua militância num período em que o ideal da libertação do país mobilizava consciências e exigia coragem, tendo vivido intensamente os acontecimentos que conduziram à proclamação da Independência Nacional a 11 de Novembro de 1975.

    Pedro Neto afirmara que o legado político, ético e humano do finado dirigente permaneceria vivo na história do partido, do país e na memória do povo angolano.

    Por sua vez, a família do antigo Vice-Presidente da República apresentara, na sua mensagem, o perfil do patriarca, o seu legado humano, familiar e cívico.

    A filha, Isamara Dias dos Santos, que lera a mensagem, expressara enorme gratidão por fazer parte da história de um homem que descrevera como verdadeiro chefe de família, pai, amigo, brincalhão e profundamente apaixonado pelo país.

    Segundo a família, “Nandó”, nascido a 5 de Março de 1952 e falecido no dia 18 daquele mês, vivera com entrega, intensidade e elevado sentido de missão, tanto na vida pública como no seio familiar.

    Era o porto seguro da família, “alguém que sabia ouvir, aconselhar, brincar, rir, transformar momentos simples em memórias eternas, e dotado de uma rara capacidade de fazer com que todos se sentissem acolhidos e valorizados”.

    Fernando da Piedade Dias dos Santos, dissera a filha, acreditava que amar Angola significava ter coragem para enfrentar os seus problemas com honestidade e responsabilidade, e defendera sempre que o futuro do país deveria ser mais justo e promissor para todos os angolanos, independentemente de cores partidárias ou ideológicas.

    Isamara Dias dos Santos referira ainda que, para Nandó, “a política não era vaidade, mas serviço, entrega e compromisso com princípios, valores e dignidade”.