• Fernando Alvim enaltecido pelo contributo à cultura


    Curadores e artistas plásticos destacaram, durante a rubrica “O artista e o seu perfil”, realizada sábado à tarde, em Luanda, o papel determinante do curador Fernando Alvim para o crescimento das artes e preservação do património cultural angolano.

    O debate, que aconteceu no Palácio de Ferro, permitiu reconhecer os feitos do vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes 2022, na categoria de Artes Plásticas, em prol da cultura nacional, ao longo de quatro décadas.

    Tido como um dos maiores impulsionadores da cena artística no país, Fernando Alvim manifestou satisfação pela trajectória construída ao longo de 46 anos e o regresso ao Palácio de Ferro, espaço emblemático do património cultural angolano e considerado a “casa” pelo artista.

    O curador Francisco Alvim é residente na Ilha do Mussulo há quatro anos e revelou um crescente interesse pela história da Ilha da Cassanga, uma fonte potencial de inspiração para as futuras criações.

    Actualmente, trabalha para publicar quatro obras literárias, cada uma com um total de 600 páginas. Está a produzir, igualmente, o filme “Quice Chadol – A Sombra do Espírito”. A longa-metragem terá início após a conclusão de 24 telas ilustrativas e prevê o lançamento do projecto dentro de dois anos.

    A ideia original do filme, disse, remonta ao ano de 1989, cujo objectivo é abarcar os principais acontecimentos dos últimos 36 anos da História de Angola.

    Alvim reiterou, ainda, a relevância da realização contínua de bienais e trienais, como a Bienal de Arquitectura no país, defendendo esses espaços como essenciais para o crescimento artístico e cultural.

    Dos altos e baixos vividos entre 1979 e 2025, o artista plástico sintetizou a experiência profissional na convicção de que “é o ser humano quem molda o próprio caminho”.

    Quanto ao seu afastamento de determinadas actividades, apontou a necessidade de desfrutar de momentos de tranquilidade ao lado da companheira e esposa, com quem tem partilhado experiências marcantes no domínio cultural e social.

    O artista, em tom crítico, diferenciou a técnica artística de expressão criativa, em que “existem pintores com excelente domínio técnico, mas que não são artistas”. Porém, referiu que existem padrões bem definidos para se alcançar esse estatuto. Fernando Alvim reforçou que um dos pilares essenciais de qualquer nação reside na capacidade do Estado garantir o acesso à Cultura e à História. “O grande desafio foi inserir o historial de Angola nas instituições académicas”, sublinhou.