• Mo Ibraim felicita Angola pelos feitos alcançados na boa governação e gestão pública


    O filantrópico sudanês-britânico, Mo Ibraim, felicitou, esta segunda-feira, Angola pelos "grandes feitos" que tem alcançado em termos de boa governação e de gestão pública, tendo manifestado a vontade visitar o país.

    A mensagem foi transmitida à vice-presidente do MPLA, Mara Quiosa, à margem da Semana de Governança Ibrahim 2025, que terminou ontem, em Maraquexe, Marrocos.

    Realizado todos os anos num país diferente, a Semana de Governança Ibrahim reúne líderes políticos e empresariais, representantes da sociedade civil, instituições multilaterais e regionais, bem como os principais parceiros internacionais de África para debater questões de importância crítica para o continente.

    Sob o tema “Alavancar os recursos de África para colmatar o défice financeiro”, o evento deste ano destacou a lacuna entre as crescentes necessidades de financiamento para o desenvolvimento, o clima e a disponibilidade actual de recursos externos.

    Além de Mara Quiosa, entre os convidados de Mo Ibrahim estavam a secretária-geral adjunta da ONU, Amina Mohamed, o director da OMS, Tedros Adhanom, e ex-presidentes africanos como Pedro Pires, Ellen Johnson Sirleaf e Macky Sal.

    Angola é o quinto país que mais evoluiu no ranking da boa governação em África na última década, segundo o Índice Mo Ibrahim, ferramenta que mede o desempenho em 54 países africanos e fornece dados para avaliar a prestação de bens e serviços públicos e os resultados das políticas públicas nos países africanos.

    Líderes exortados a tornar África auto-suficiente

    Mo Ibrahim exortou os líderes africanos a “pôr a casa em ordem” para passarem a ser mais auto-suficientes, em vez de dependerem da ajuda externa de outros países.

    “Chegou a altura de nós, africanos, compreendermos que temos de cuidar de nós próprios. Não é aceitável que dependamos da bondade e da generosidade dos outros. É um disparate, inaceitável e incerto”, afirmou.

    Oresponsável lamentou o crescimento do nacionalismo, que está a pôr em causa as antigas normas da ordem internacional e o respeito pelo direito internacional. Perante a multiplicação de conflitos e os cortes na ajuda externa pelos países ocidentais, Ibrahim defendeu que as nações africanas devem usar os próprios recursos para impulsionar o desenvolvimento económico e social do continente.

    “Temos de confiar nos nossos próprios recursos. Temos de nos organizar e pôr a casa em ordem. Somos um continente muito rico, mas um povo muito pobre. Porquê? Porque estamos a gerir mal os nossos países, os nossos recursos, o nosso povo”, vincou, acrescentando que o objectivo da conferência “é dinamizar estas questões, e tentar levar África a ser auto-suficiente, confiante e independente.”

    De acordo com dados recolhidos pela Fundação Mo Ibrahim, a ajuda externa aos países africanos caiu 11 pontos percentuais na última década.

    No relatório “Financiar a África que queremos” da Fundação Mo Ibrahim, defende-se a reforma do sistema financeiro multilateral, mas também o aumento de impostos a nível interno e o combate à fuga de capitais. Segundo o documento, os países africanos são já dos maiores produtores de minerais, possuem grandes reservas de petróleo e gás natural e têm grande potencial na produção de energia solar, geotérmica e eólica.

    O documento identifica um grande potencial de crescimento na produção industrial, pescas e agricultura, e refere os créditos de carbono e de biodiversidade como possível fonte de rendimento, graças à riqueza em termos de florestas, turfeiras e mangais.

    Em destaque estão, também, medidas para reforçar a segurança de investidores privados no continente, como a criação de uma agência de rating e uma moeda única africana.