• Primeira-Dama da República aconselha os pais a cultivarem nos filhos hábitos de leitura


    A Primeira-Dama da República considerou, quinta-feira, em Luanda, fundamental o incentivo à educação para o desenvolvimento e crescimento de qualquer sociedade.

    Ana Dias Lourenço fez estas declarações à imprensa no final da visita guiada ao "Logos Hope”, o maior navio-livraria do mundo, que esteve atracado desde o dia 26 de Julho até ontem no Porto de Luanda.

    A esposa do Presidente João Lourenço aconselhou os pais a cultivarem nos filhos hábitos de leitura. "Penso que a educação começa em casa e estende-se para outras instituições de ensino e não só”, disse.

    Durante sete dias, destacou, as famílias angolanas mostraram o compromisso que têm com a educação, tendo sido visível a quantidade de pessoas, entre adultos e crianças, que afluíram à feira de livros flutuante.

    "Conseguimos notar as filas para a entrada ao navio, sendo que os adultos faziam-se acompanhar de duas ou mais crianças, o que mostra a preocupação das famílias com a educação dos menores”, referiu. Considerou que é de pequeno que se deve incentivar a leitura para ajudar no desenvolvimento da mente.

    Interacção com o público

    Durante a visita ao "Logos Hope”, a Primeira-Dama da República, que se fez acompanhar de crianças que vivem em lares de acolhimento, manteve contacto com os livros expostos na livraria e interagiu com algumas famílias que se encontravam no local, com realce para os menores.

    Visivelmente satisfeita, Ana Dias Lourenço encirajou o capitão do navio para que na próxima visita ao país pudesse trazer mais livros escritos ou traduzidos para a Língua Portuguesa para facilitar o entendimento dos leitores.

    Além da livraria, destacou, o navio "Logos Hope” tem uma característica própria de transmitir o sentimento de esperança aos povos por onde passa, ajudar os mais necessitados e levar a Palavra de Deus àqueles que sofrem.

    "Além da literatura, o ‘Logos Hope’ trouxe um sentimento de esperança ao povo angolano, através da Palavra de Deus e durante a minha visita fui recebida pela tripulação e por líderes religiosos que tiveram a ideia de trazer o barco ao país com o apoio do Governo angolano”, contou.

    Visitantes

    Muitas crianças afluíram ao maior navio-livraria do mundo, durante o tempo que esteve atracado no Porto de Luanda. Janna Pombal, 12 anos, mostrou-se satisfeita por ter tido a oportunidade de estar no interior de um navio que tem a particularidade de ser também uma livraria.

    "Queria muito ver o barco e especialmente a biblioteca, onde se pode ter contacto com os livros, embora tenha ficado um pouco triste por não ter sido aquilo que esperava”, lamentou Janna, ao referir-se ao facto de o "Logos Hope” não ter muitos livros em Língua Portuguesa, nem espaços para o leitor se sentar.

    Tuchileny Manuel, de 12 anos e estudante da 6ª classe, disse ter sido a primeira vez que visitou uma livraria flutuante, razão pela qual não escondeu a satisfação pelo que via. Entretanto, tal como Janna, Tuchileny também apontou a desvantagem de não haver um lugar para se sentar. "A princípio, pensei que a biblioteca fosse enorme, onde nos podiamos sentar para ler. Além disso, fiquei triste ao ver que a maioria dos livros está em Inglês”, disse a estudante, que ainda assim se mostrou encantada com a beleza do navio.

    Na companhia do pai e das irmãs, Willer da Rosa, 11 anos, disse ter gostado dos livros que viu, mas lamentou o facto de não ter conseguido comprar o que gostou devido ao preço. Entretanto, aproveitou o tempo que esteve no interior do navio para fazer alguma leitura.

    Quem teve sorte foi a menor Joseane Van-Dúnem, 8 anos, que viu satisfeito o pedido feito à mãe para a compra de um livro de contos de fadas. Sobre o "Logos Hope”, Joseane disse: "O barco é muito grande e lindo e gostei mais ainda porque a mãe comprou-me um livro”, afirmou, com um sorriso.

    Mais de 40 mil pessoas visitaram o "Logos Hope”

    Mais de 40 mil cidadãos, entre nacionais e estrangeiros, visitaram o maior navio-livraria do mundo, que esteve atracado durante sete dias no Porto de Luanda, revelou, ontem, em Luanda, o director do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR), instituição afecta ao Ministério da Cultura.

    O reverendo Adilson de Almeida fez um balanço positivo da feira, sublinhando que o navio teve uma média diária de cinco mil visitantes, entre adultos e crianças. "Estamos muito felizes, porque o nosso povo ouviu a mensagem e aderiu em massa, tendo-se verificado uma grande moldura humana de crianças, jovens, adultos e até anciãos”, disse.

    O navio, referiu, trouxe três mensagens principais: conhecimento, ajuda e esperança, esclarecendo que é por esta razão que se chama "Logos Hope”, referindo-se a "Jesus Cristo, o Salvador do Mundo”.

    "A vinda desse navio é o reflexo de Deus habitando em nós, porque traz uma mensagem de Deus para o nosso povo, solidariedade, doações e também uma livraria flutuante, a maior do mundo, com mais de cinco mil títulos, entre cristãos, de liderança, culinária, cultura e valores de várias nações”, explicou.

    O director do INAR considerou histórica a visita, por ser a primeira que a equipa do "Logos Hope” se deslocou a Angola. "Estamos em crer que, pela forma como foram tratados, vão voltar ao nosso país”, disse.

    Novas parcerias

    Leandro Silva, um dos responsáveis do "Logos Hope”, fez saber que a direcção manteve contacto e estabeleceu parcerias com mais de 15 escritores angolanos, com o objectivo de disponibilizar livros para a venda no navio, durante a próxima visita a Angola.

    "Temos mais de cinco mil itens com títulos diferentes, mas, infelizmente, não conseguimos fazer tantas parcerias para aquisição de livros em português. Na próxima vez, com certeza, vamos aumentar”, garantiu.

    A mensagem que passamos, disse, "é a de que o mundo pode ser todo conectado, sendo que são mais de 65 nacionalidades e mais de 350 voluntários que vivem no interior do navio em comunhão, por isso queremos melhorar trazendo mais livros em português”.

    Leandro Silva, brasileiro de nacionalidade, apontou outro objectivo do "Logos Hope”: é incentivar as comunidades a aumentarem a ajuda aos mais necessitados. Disse ter sido agradável conhecer e conviver com cidadãos angolanos. "O povo foi muito receptivo e paciente, porque tivemos filas imensas para visitar a nossa livraria flutuante”, disse, acrescentando que o "Logos Hope” já realizou uma reunião para agendar a próxima visita, mas a data ainda não foi divulgada.

    O navio deixa hoje Luanda com destino ao Ghana. Com mais de 350 tripulantes, o "Logos Hope” foi construído em 1973, com o nome de Gustav Vasa. Em 2004, foi adquirido pela GBA Ships, tendo sido completamente reformado para o seu papel como novo "Navio Livraria”, passando a ser denominado "Logos Hope”.

    O navio já realizou mais de 1.500 visitas em mais de 150 países e territórios e acolheu mais de 49 milhões de visitantes a bordo.

    Engrácia Francisco

    Jornalista